sexta-feira, 19 de maio de 2017

Repensando o SIM Card na era da Internet das Coisas

Repensando o SIM Card na era da Internet das Coisas (IoT) – Do “consumer SIM” ao eUICC (embedded Universal Integrated Circuit Card)

Viabilizando novas aplicações para M2M (Machine to Machine)


A Era da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) coincide com a Era do Zettabyte (ZB). O tráfego total de dados na Internet em 2016 superará, pela primeira vez, a marca dos "zettabytes", uma medida que equivale a um sextilhão de bytes. Para se ter uma boa noção do essa medida representa, basta imaginar que em 1 Zettabyte cabem 1 bilhão de HDs de 1 terabyte cheios de dados. Ou 200 trilhões de músicas que, se fossem tocadas ininterruptamente e sem repetições, levariam muito mais que o tempo de existência do Universo.

Este marco astronômico será atingido graças, entre outras coisas, ao forte aumento da quantidade de dispositivos conectados à Internet das Coisas, segundo previsões a Cisco (Cisco® Visual Networking Index - VNI).

Após passar a marca do zettabyte ([ZB]; 1.000 exabytes [EB]) em 2016, o tráfego IP anual global manterá ritmo acelerado de crescimento, alcançando 2,3 ZB em 2020, ou seja, aproximadamente 194 exabytes por mês, o equivalente a 200 bilhões de músicas ou 40 milhões de filmes em alta definição circulando na Internet a cada 30 dias.

Neste novo cenário, um dos protagonistas entre as principais fontes geradoras de tráfego Internet será grupo formado pelos dispositivos conectados. Ainda segundo o Cisco VNI, o tráfego de Internet gerado por smartphones, por exemplo, ultrapassará o gerado por PCs até 2020. Daqui a quatro anos, haverá 26,3 bilhões de dispositivos conectados à escala global e 4,1 bilhões de internautas, ao passo que 71% do tráfego IP virá de dispositivos que não os PCs.

Essa tendência global de aceleração do consumo de dados IP por dispositivos IoT conectados pode ser facilmente verificada quando comparamos a taxa anual de crescimento do número dos dispositivos conectados com o aumento da população global e da quantidade de usuários ativos de Internet. Enquanto a taxa de crescimento dos dispositivos e suas conexões chega a 10%, a da população é de apenas 1,1%, e a de internautas, de 6,5%.

Fonte: Cisco VNI Global IP Traffic Forecast, 2015–2020

Esta tendência de crescimento contribui para o aumento da quantidade de dispositivos e conexões móveis por habitante e por usuário de Internet, movimento influenciado pelo surgimento de novas aplicações M2M (Machine to Machine), como: POS (Point of Sale / terminais de ponto de venda – maquininhas de cartão) de cartões de crédito e débito, medidores inteligentes e telemetria, segurança residencial e vídeo-monitoramento, telemedicina, monitoramento da saúde e de atividades físicas, transporte e logística, além dos automóveis conectados.

Trata-se de um aumento significativo da Internet das Coisas, uma inovação tecnológica cujo conceito principal se baseia na conexão à Internet de aparelhos eletrônicos do dia a dia.. Assim, até 2020, estima-se um crescimento da Internet das Coisas da ordem de 300%, elevando a quantidade de conexões M2M (Machine to Machine) para 12,2 bilhões – o que passará a representar 46% do total de dispositivos conectados à Internet, segundo a Cisco. ado o crescimento exponencial de smart devices nos próximos anos, os Subscriber Identity Modules Cards (SIM Cards) também se tornarão cruciais ao viabilizar a conexão móvel à Internet das Coisas.

Em linhas gerais, o princípio básico de SIM Card é o mesmo, tanto para dispositivos de consumo (telefones celulares), quanto para os dispositivos inteligentes (Internet das Coisas), pois, em ambos os casos, é ele quem orquestra a conexão móvel. Equipado com sistema operacional próprio, memória e recursos de segurança, o SIM Card interage com a rede celular, identificando unicamente o dispositivo, autenticando-o, e, em seguida, abrindo o canal de comunicação por meio do modem conectado ao aparelho. Todavia, quando se trata da Internet das Coisas, as similaridades param por aí, pois os dispositivos conectados comportam-se de maneira diferente, possuem requisitos técnicos próprios e usam diferentes modelos de negócios, quando comparados aos dispositivos de consumo.

Os dispositivos inteligentes operam de forma autônoma na Internet das Coisas e, na maioria das vezes, sem intervenção humana. Além disso, normalmente esses dispositivos precisam funcionar em ambientes hostis – subsolos, áreas rurais ou “zonas de sombra” urbana. Independentemente de fazer parte de máquinas estacionárias ou em movimento, ou de operar em uma região geográfica inóspita, cada implantação da Internet das Coisas tem suas próprias idiossincrasias, gerando restrições operacionais muito específicas, que aumentam ainda mais os desafios para o SIM Card IoT.

O uso de SIM Cards tradicionais para a conectividade da Internet das Coisas pode resultar em falhas na cobertura e interrupções na transmissão de dados, além de tornar as operações mais complexas e difíceis de gerenciar. A atual falta de soluções de conectividade específicas para IoT faz com que as empresas optem por usar as mesmas tecnologias desenvolvidas para dispositivos de consumo em seus dispositivos inteligentes da Internet das Coisas.  No entanto, a solução não é apropriada e já está comprovado que o modelo centrado na rede (e não no dispositivo), amarrando o SIM Card a uma única operadora de telefonia, não faz sentido para os dispositivos da Internet das Coisas.

Uma proposta de MVNO IoT - Vantagens do SIM específico

A Mobile Virtual Network Operator (MVNO), ou Operadora Móvel Virtual, é uma operadora de telefonia celular que não possui rede nem frequências próprias e utiliza a infraestrutura de operadoras-mãe (Mobile Network Operator ou MNO), comprando no atacado (minutos, SMS, dados etc.) por um preço com desconto em relação ao preço médio do varejo.

Existem basicamente 3 tipos de MVNO no mercado: a Reseller MVNO (atua apenas como revenda de minutos, SMS e dados - MVNO Credenciada, segundo a Anatel), a Service Provider MVNO (opera em marketing e vendas e gerencia a cobrança, o provisionamento e o relacionamento com os assinantes) e a Full MVNO (abrange todos os aspectos de uma operação de telecomunicações à exceção da rede de antenas - MVNO Autorizada, no jargão da Anatel).

Uma MVNO bem sucedida busca os segmentos mal servidos do mercado e oferece uma proposta sob medida, única e vantajosa, para melhorar a prestação de serviços nestes segmentos. Normalmente, as MVNO têm acesso a canais de distribuição não tradicionais, com menor custo de aquisição de novos clientes e baixo custo operacional.

Para atender o cenário de Internet das Coisas, o melhor modelo é o Full MVNO, que oferece ampla flexibilidade para a implementação de modelos de negócio mais arrojados por possuir a infraestrutura própria de hardware e software.

Em projetos da Internet das Coisas, a Full MVNO deve assumir os acordos de contratos de roaming com as demais operadoras de telecomunicações que atuam em suas regiões geográficas. Assim, quando uma operadora ficar indisponível, a conexão será chaveada para outra automaticamente, garantindo o máximo tempo de conexão e mitigando as restrições operacionais das teles tradicionais.

Mesmo em se tratando de um “roaming SIM Card” conectado a uma aliança de operadores de telefonia, sempre haverá áreas geográficas não cobertas pela operadora ou grupo de operadoras participantes da aliança. Para garantir a conexão dos dispositivos da Internet das Coisas, qualquer que seja a hora e o local, o SIM Card deve acessar mais redes do que qualquer operador de telefonia tradicional pode fornecer separadamente.

Desta forma, o uso de SIM Cards específicos para Internet das Coisas simplifica a administração de projetos IoT nas empresas, pois dispensa a necessidade de negociação de contratos separados com cada fornecedor de telefonia presente na área de cobertura desejada, uma vez que já incorpora este modus operandi em sua oferta básica de serviços.

A garantia de conectividade 24x7, demandada por diversos dispositivos da Internet das Coisas, exige monitoramento constante e, principalmente, a seleção da melhor rede móvel, além da busca automática da próxima operadora disponível, sempre que o sinal da atual operadora de telefonia tornar-se indisponível.

Características do SIM Card IoT

O amplo sucesso de uma oferta de telecom para IoT também depende de aprimoramentos no SIM Card, otimizando-o para as demandas específicas da comunicação entre máquinas (M2M). Esse tipo de cartão tem ciclos de vida mais longos, devido às seguintes características:

ü  Robustez – Os SIM Card IoT são mais robustos que os cartões tradicionais. Por serem feitos de materiais mais resistentes, eles apresentam baixíssimo índice de defeito/queima, são mais resistentes à trepidação e à umidade e suportam temperaturas extremas de - 40º a 105ºC. Como consequência direta dessa característica, seu ciclo de vida é mais longo.

ü  Atualização remota – Característica intrínseca aos SIM Cards IoT, a atualização remota (Over-The-Air, OTA) fornece um nível adicional de flexibilidade, viabilizando a distribuição de novas versões de software em massa e contribuindo para a desaceleração da obsolescência do SIM Card. Ao aplicar correções de software, novas funcionalidades e novas configurações de rede, diminui-se a necessidade de substituição e descarte do SIM Card.

ü  Capacidade de armazenamento – O maior espaço de armazenamento também contribui para o aumento de sua vida útil, pois a ampliação da memória necessária à troca de torres/base aumenta significativamente a quantidade de ciclos de troca de ERB (Estação Rádio Base) suportados pelo SIM Card.

ü  Tecnologia embarcada – Uma vez que o cartão é inserido no dispositivo desde sua fabricação, o SIM Card IoT está menos sujeito a possíveis quebras provocadas pelo manuseio humano. Essa característica “embedded” também simplifica sua logística.


O conceito da “MVNO as a Service”

Por que uma MVNO IoT? Ao romper com o modelo baseado em smartphones, os dispositivos da Internet das Coisas baseados em SIM Cards IoT (eSIM ou eUICC) apresentam um desempenho superior. Eles oferecem mais flexibilidade e melhor cobertura e conexão com a maioria das redes em todos os países, já que independem de um operador de telefonia único e podem conectar-se a outra rede quando a atual fica indisponível.

A fim de que um projeto baseado do conceito embedded Universal Integrated Circuit Card (eUICC) esteja apto a implementar todas as inovações trazidas pelo modelo em sua amplitude máxima, é importante a participação de uma MVNO/MVNE local (operando globalmente) desacoplada dos grandes grupos econômicos de telefonia.

O sucesso pleno dessa oferta está na mudança do foco da telefonia para as necessidades específicas do negócio do cliente. Assim, em vez de tarifar por uso de dados, passa-se a cobrar pelo sucesso nas transações M2M, descomoditizando o relacionamento entre as partes.

Além disso, esta nova forma de tratar os projetos da Internet das Coisas implementa o conceito da “MVNO as a Service”, desmaterializando a oferta de Telecom ao criar, literalmente, mini-MVNOs sob demanda para cada novo cliente M2M atendido. Em outras palavras, viabiliza a implementação de mini-operadoras de telecom virtuais sem a necessidade de investimentos em infraestrutura de hardware e software própria (MVNO in a Box). Para tanto, é importante que a plataforma tecnológica seja própria. Em outras palavras, que a operação seja uma MVNE (Mobile Virtual Network Enabler).

Sendo assim, essa MVNO/MVNE deve estar apta e disposta a implementar um modelo de telefonia móvel disruptivo, orientado à construção de uma oferta de conectividade que agregue mais valor aos projetos da Internet das Coisas. Ela precisa trazer uma proposta de conectividade M2M com preço adequado às necessidades de planos transcontinentais, puramente de dados, muitas vezes baseados em pequenas transações.

Um provedor de conectividade diferente

Diante das inúmeras características necessárias aos projetos de IoT, é necessária a prestação de um tipo diferente de provedor e conectividade com as seguintes características:

ü  Independência dos grandes grupos econômicos de telecomunicação para garantia da livre comunicação entre redes;
ü  Autonomia, garantida pelas seguintes premissas técnicas, tecnológicas e comerciais para Projetos White Label (MVNE), tais como:
§  Know-how próprio;
§  SIM Card Applets” própria(s);
§  Plataforma de Gestão de Telecom de SIM Cards (Backend) própria;
§  Infraestrutura de hardware e software de telecomunicação própria;
§  Acordos competitivos de Roaming Internacional e Conectividade Global;
§  Oferta de Planos e Custos otimizados para Pequenas Transações, baseadas apenas em [poucos] Dados;
§  Operar como uma MVNE;
§  Capacidade e escala para fornecimento de chips a preços competitivos.

Para finalizar, o SIM Card na era da Internet das Coisas veio para ficar e sairão na frente as empresas inovadoras que entenderem as necessidades de aplicação, integração e conectividade que requer esse imenso universo.

A MVNO da Internet das Coisas existe no Brasil! Chama-se Vecto Mobile: