terça-feira, 14 de outubro de 2014

MercadoPago lança aplicativo que transforma celular em carteira digital

O MercadoPago – maior plataforma de pagamentos online da América Latina – lança nesta semana seu aplicativo móvel (para smartphones e tablets) de carteira eletrônica de pagamentos
O aplicativo permite que o usuário finalize pagamentos, pelo celular, de qualquer compra feita em sites que aceitem MercadoPago. Oferece também a possibilidade de seus usuários transferirem gratuitamente dinheiro entre si. Independentemente de qualquer compra, amigos e familiares que tenham conta no MercadoPago podem utilizar o aplicativo para solicitar um pagamento ou enviar valores uns aos outros.
"A função de transferência entre contas facilita, por exemplo, que o pagamento para participar de uma festa ou um churrasco entre amigos seja todo realizado pelo celular, com as informações organizadas e coordenadas pelo aplicativo", explica Marcelo Coelho, diretor do MercadoPago Brasil. Além disso, a transferência entre contas abre uma grande  oportunidade a profissionais liberais para que aceitem cartão de crédito: "o profissional pode cobrar e receber pagamentos de seus clientes via solicitação gratuita de dinheiro pelo aplicativo", afirma Marcelo Coelho, diretor do MercadoPago no Brasil. 
Quando a transferência ou pagamento é realizado com o saldo do MercadoPago ("Dinheiro em Conta"), a liberação do valor é imediata. Quando a compra é feita no cartão de crédito, o prazo é de até 14 dias para a liberação. Em ambos os casos, a transferência de dinheiro na modalidade "Família e Amigos" será gratuita, neste momento de lançamento, até 31 de dezembro de 2014. 
Finalizar uma compra online via MercadoPago pelo celular oferece ainda mais segurança ao comprador quando ele usa, por exemplo, um computador que não é seu: o comprador pode usar o computador para navegar e encontrar o produto que deseja (tanto no site MercadoLivre quanto em lojas que aceitem MercadoPago) e, na hora do pagamento, será convidado a concluir a compra via aplicativo. A confirmação do pagamento é informada logo em seguida no aplicativo. 
Este lançamento dá continuidade às estratégias mobile de MercadoPago. Os dispositivos móveis responderam, no primeiro semestre deste ano, por 7,5% do total de volume de pagamentos realizados com MercadoPago: um crescimento de 70% de janeiro ao fim de junho de 2014.
"O aplicativo que lançamos hoje fideliza ainda mais nossos clientes, porque os permite realizar pagamentos de qualquer lugar e em qualquer hora. Com o aplicativo, atendemos uma demanda crescente do mercado de facilitar e agilizar o pagamento móvel entre pessoas e grupos", conclui Marcelo Coelho
O aplicativo está disponível para Android (versão 4.0.3 em diante). Usuários do iOS poderão utilizá-lo a partir de novembro. O lançamento acontece simultaneamente também na Argentina, Colômbia, México e Venezuela.
Sobre MercadoPago
MercadoPago  é o maior facilitador de pagamentos pela Internet de origem latino-americana com mais de 109 milhões de usuários certificados, registrados e ativos em sua plataforma. Com dez anos de trajetória na América Latina, é uma empresa do grupo MercadoLivre, com ações negociadas na Nasdaq (NASDAQ:MELI). A plataforma foi desenvolvida com a tecnologia mais avançada em segurança na Internet por uma equipe de especialistas em finanças, tecnologia e segurança da informação, com ampla experiência no desenvolvimento de serviços financeiros online. MercadoPago está presente em seis países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Venezuela. Durante todo o ano de 2013, foram realizadas 31,5 milhões de transações pelo MercadoPago, o que movimentou um volume superior a US$ 2,5 bilhões.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Brasil ganha Câmara Arbitral especializada em TI e e-Commerce

Além de casos envolvendo fraudes e golpes eletrônicos, violação à privacidade, desenvolvimento de software, contratos e projetos de TI, CIAMTEC também atuará em disputas por domínios de Internet

O Brasil já conta com uma Câmara de Arbitragem independente para solução de litígios e conflitos envolvendo fraudes e golpes eletrônicos, concorrência desleal, violação à privacidade, compras coletivas, desenvolvimento de software, mídia digital, contratos e projetos de TI, licitações em informática, dinheiro virtual, dentre outros assuntos. A arbitragem é um modo de solução mais rápido e menos oneroso para as empresas.

Foi instalada no país a CIAMTEC - Câmara Internacional de Arbitragem e Mediação em Tecnologia da Informação, E-commerce e Comunicação. Estabelecida no Brasil em 2013, iniciou suas atividades recentemente, atuando como um Tribunal de Arbitragem composto por especialistas em Leis e Direito aplicável à tecnologia da informação, que podem decidir controvérsias e questões jurídicas, desde que nomeados pelas partes, conforme orienta a Lei da Arbitragem.

Com sede em São Paulo e escritórios em outras capitais brasileiras (entre elas Curitiba, Rio e Goiânia), a Câmara tem estrutura para resoluções de litígios simultâneos, proporcionando maior celeridade aos processos, realizando encontros e audiências inclusive através de videoconferências, com a participação dos envolvidos em um processo, mesmo que à distância.

"Com a popularização da rede, aumento das compras virtuais e transações eletrônicas, presenciamos um aumento considerável de questões polêmicas e controvertidas na Internet, que muitas vezes são apresentadas a julgadores que, sem experiência em tecnologia, correndo o risco de tomar decisões desacertadas e inseguras. Pensando nisso, oferecemos às empresas e aos cidadãos a possibilidade de elegerem árbitros com profundo conhecimento no tema, que poderão direcionar as medidas que podem ser tomada, diante de casos envolvendo as constantes transformações tecnológicas" comenta José Milagre, árbitro fundador e idealizador do projeto.

A busca por decisões acertadas motivou o publicitário paulista Marco Ribeiro a procurar a CIAMTEC. Dono de uma agência de publicidade que desenvolve produtos para a internet, o publicitário adota em seus contratos a cláusula compromissória, onde diante de um litígio, um árbitro da Câmara será designado para sua discussão e resolução. "Lidamos com muitas questões que envolvem publicidade digital, tecnologia, aplicativos, licenças, com termos e contratos específicos, e por isso, procuramos a segurança jurídica necessária para que eventuais discussões sejam apreciadas por quem minimamente entenda do que estamos falando".

Disputas de domínios na Internet

Outro assunto abordado pela CIAMTEC é a disputa por domínios na Internet. Desde 2012, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), órgão que operacionaliza as decisões do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), tem um convênio com a câmara de arbitragem especializada em resolução de disputas de domínio na grande rede da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual (ABPI). Além deles, também a CCBC - Câmara de Comércio Brasil-Canadá e a WIPO - World Intellectual Property Organization são credenciadas a arbitrar questões sobre domínios. Porém, segundo a CIAMTEC, as resoluções promovidas por essas entidades são meramente um procedimento administrativo sem eficácia decisória de uma câmara arbitral.

A CIAMTEC se junta ao esforço de tornar a resolução de conflitos envolvendo domínios mais rápida e tecnicamente mais confiável, propondo um espectro de atuação muito mais amplo do que a das três instituições credenciadas pelo CGI.br, e que pode ser utilizada em praticamente todos os aspectos envolvendo controvérsias em relação aos domínios, como cybersquatting, ou cibergrilagem (registro de domínio com nomes relevantes com o objetivo de negociar com o detentor da marca ou interesse no domínio), typosquatting (registros de variações de um nome de site relevante, porém reproduzindo erros de digitação comuns para quem estivesse buscando o site referência), entre outros.

De acordo com Marcio Luís Marques, primeiro-secretário e responsável pela arbitragem e mediação da CIAMTEC no Estado do Rio de Janeiro, as três instituições credenciadas pelo CGI.br lidam com disputas envolvendo domínio de país (ccTDL) “.br” e as decisões proferidas nos procedimentos administrativos podem ser questionados o mérito na Justiça sem nenhum tipo de óbice, o que não ocorre com a sentença arbitral.

"A dúvida sobre que essas instituições resolvem por arbitragem as questões de disputa de domínio é alimentada por conta de que, irregularmente, se nomina os especialistas que irão analisar a reclamação administrativa de “árbitros”, porém não o são. Para ser considerado como “árbitro” há a necessidade de ter sido instaurado o procedimento arbitral, com anuência das partes", afirma Marcio Luís Marques.

"A arbitragem é regida no Brasil pela Lei 9.307/1996, porém poucos têm conhecimento dos benefícios da eleição de um árbitro de uma Câmara de Arbitragem, e vez de se valer do Juízo comum, como a economia, celeridade e flexibilidade, entre muitas outras vantagens. O litígio é resolvido rapidamente. Quando a questão envolve tecnologia, ainda, tem-se a garantia de se contar com árbitros com experiência no assunto, evitando-se insegurança jurídica e decisões errôneas", explica Rafael Maciel, responsável pela arbitragem no estado de Goiás.

Além da resolução de eventuais disputas e problemas que eventualmente possam existir entre as partes, a Câmara poderá atuar também na mediação de conflitos, proporcionando a todas as partes rápido atendimento às suas necessidades. O objetivo é promover acordos, evitar que ações sobrecarreguem o Judiciário. E, principalmente, dar uma solução tecnicamente adequada aos conflitos onde se tenha questões tecnológicas envolvidas, explica Marcio Luís Marques.Segundo Marcio, em resoluções de conflitos de tecnologia o tempo é um fator preponderante para agravamento de perdas. Seis meses pode ser um tempo fatal para uma empresa de tecnologia que está com uma controvérsia na Justiça, mas esse pode ser o tempo de uma simples juntada de uma petição em um processo tradicional.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Depois do Marco Civil da Internet, outros projetos de lei buscam cobrir lacunas da Internet brasileira

Propostas importantes para a regulamentação do uso da web no Brasil estão em debate há pelo menos quatro anos; destino de ambas permanece incerto

É comum ouvir que a lei não acompanha o avanço da tecnologia. O Marco Civil da Internet, sancionado em abril, levou sete anos para deixar de ser uma mera ideia de “Constituição da internet” e entrar em vigor, mas não encerrou o assunto. Há duas leis importantes, segundo especialistas, para a regulamentação do uso de internet no Brasil, em debate há pelo menos quatro anos: a reforma da Lei de Direitos Autorais e o rascunho da Lei de Proteção de Dados Pessoais.
“É como se o Brasil tivesse só a Constituição e não tivesse Código de Defesa do Consumidor ou Código Penal”, compara o jurista Paulo Rená, que participou da elaboração do Marco Civil da Internet no Ministério da Justiça (MJ). “São dois temas importantes e que ainda estão incipientes no País.”
Apesar de contemporâneas entre si, as duas leis – que tiveram seu andamento preterido em função do destaque recebido pelo Marco Civil –, ainda são anteprojetos, ou seja, não possuem um texto definido e protocolado no Congresso Nacional. A proposta de reforma da Lei de Direitos Autorais está na Casa Civil desde o início do ano e a Lei de Proteção de Dados Pessoais foi enviada só em abril ao Ministério do Planejamento, de onde seguirá para análise da Casa Civil, o último estágio antes de se tornar um projeto de lei.
Por sair na frente, o Marco Civil da Internet ora incorporou elementos de uma delas (lei de proteção de dados pessoais), ora deixou assuntos em aberto a serem resolvidos no futuro. Ao regular a proteção de dados, por exemplo, o texto do Marco Civil faz referência a uma “lei” específica sobre o tema que “não existe ainda”, lembra Danilo Doneda, coordenador-geral na Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJ), especialista em proteção de dados pessoais, e um dos responsáveis pela elaboração do anteprojeto da lei referente à área.

Proteção de dados chega tarde no Brasil
A primeira lei nacional de proteção de dados foi feita na Suécia, em 1973. De lá para cá, mais de 100 países (incluindo os vizinhos Argentina, Uruguai, Chile e Colômbia) criaram legislações próprias, sendo que 92 mantém agências específicas, segundo Danilo Doneda, do Ministério da Justiça. “O Brasil chega tarde ao debate, talvez pela demora em alguns setores entenderem que a proteção de dados não está só ligada a privacidade”, diz. “Ela dá segurança jurídica e ajuda nossa indústria a ser bem vista de fora.”
Nova lei de direitos autorais já foi moderna
A lei de direitos autorais é de 1998. A revisão é debatida desde 2007 e não tem previsão para ser publicada. “Quando for, já chegará tarde”, diz o professor Allan Rocha de Souza, da UFRJ. “Era moderna até no máximo 2010. Hoje, ela só formaliza práticas já correntes e resolve algumas dúvidas.” Souza comemora a permanência do sistema de “notice and notice” (veja abaixo) ao longo das diferentes gestões do MinC, o que mostraria um possível consenso nessa parte. “Ela, assim, protege também a liberdade de expressão.”
Proteção de dados. A lei garante direitos ao cidadão sobre seus dados pessoais, bem como o acesso livre a essas informações por ele, além de determinar o modo de tratamento desses dados por entidades públicas ou privadas, mesmo que as informações estejam armazenadas em centros de dados fora do País – algo muito comum na internet. O projeto ainda prevê a criação de um Conselho Nacional de Proteção de Dados Pessoais, com autonomia para fiscalizar o cumprimento da lei, atender demandas do cidadão e impor sanções.

Direitos autorais. O Marco Civil colocou “um ponto final” na questão de retirada de conteúdos da internet – o ofendido deve entrar na Justiça, que julgará o caso e passará a ordem pela derrubada ou não ao provedor de serviço, como Google e o Facebook. “Mas ao fazer a ressalva sobre conteúdos que infringem direitos autorais não resolve um grande problema”, diz o especialista em propriedade intelectual e professor de Direito no Ibmec, Sérgio Branco.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Chegada do Spotify traz otimismo para negócio da música online no País


Chegada do Spotify traz otimismo para negócio da música online no País

Surgida na Suécia em 2008, plataforma que contabiliza cerca de 40 milhões de usuários em todo o mundo aposta em playlists assinadas por celebridades da música, características de rede social e qualidade de som para atrair brasileiros
Na Suécia, o fenômeno do download ilegal de música que estourou no início da década passada com serviços como Napster, Kazaa e SoulSeek, foi especialmente forte. O país contou com banda larga de qualidade muito antes que os Estados Unidos, com velocidades como 10 MB já comuns nessa época. “Fui da primeira geração que passou a adolescência na internet”, lembrou em entrevista ao Financial Times, Daniel Ek, fundador do Spotify. “Vi tudo isso dez anos antes de todo mundo”.

Antes de fundar o Spotify em 2008, Ek foi CEO do uTorrent, ferramenta de compartilhamento de arquivos condenada pela indústria. O executivo só tinha 24 anos, mas já acumulava uma longa experiência em negócios, iniciada com uma pequena empresa de design aos 14.

Segundo Ek, músico desde a infância, o Spotify surgiu para solucionar uma situação em que “você tinha um produto legal que era pior que o roubado”. Na Suécia, onde música é produto nobre na pauta de exportação, pode-se imaginar a preocupação causada pelo consumo ilegal de música. “Me perturbava que a indústria musical tinha descido pelo ralo, apesar de que pessoas estavam ouvindo mais música do que nunca”, disse Ek à Forbes.
O Spotify se tornou uma força dominante na música sueca. “Em meu país, o Spotify é responsável não apenas por 70% da receita da música digital, mas de toda a música, incluindo venda de álbuns físicos”, declarou Ek.
Em 2009, o serviço começou a ser lançado em outros países. Hoje, em 53 nações diferentes, o Spotify é considerado o líder global do mercado de streaming musical pago e traz playlists de músicos famosos e canais de marcas como Rolling Stone, Victoria’s Secret e Disney Pixar. Além disso, fez nascer uma comunidade de sites, blogs, aplicativos e ferramentas que se integram com o site.

O barulho é grande, mas ainda há muito o que percorrer para materializar isso em números de usuários. Em todo o mundo, são 10 milhões de usuários pagos e 40 milhões de usuários totais. Embora sejam quantidades que colocam a empresa como líder no segmento de streaming pago, eles encolhem diante da audiência do YouTube, considerado o maior site de streaming musical do mundo. Totalmente gratuito e com muito conteúdo extra-musical, o site de vídeos pertencente tem 1 bilhão de visitantes únicos por mês.

Esperado desde meados de 2013, o Spotify foi lançado oficialmente no Brasil na última quarta-feira, 28, depois de ser oferecido para testes para formadores de opinião e artistas.


A principal meta do Spotify por aqui é arrebanhar os usuários de serviços ilegais de música, seguindo o exemplo de outros países por onde passou. “Nosso principal concorrente é a pirataria”, declarou Diament no lançamento. Como aconteceu em outros mercados, a indústria aplaude. Para o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD), que representa as gravadoras do País, Paulo Rosa, “o melhor remédio contra a pirataria online é o licenciamento de meios de acesso por streaming, e o Spotify e serviços similares são nossos grandes aliados”.

O YouTube é outro rival. O Brasil tem a segunda maior audiência do site de vídeos do Google, e foi nele que se popularizou um dos principais gêneros de sucesso no País hoje, o funk ostentação. Como armas nessa briga, o Spotify aposta na optimização e na personalização para o ouvinte. “Temos investimento pesado em algoritmos e curadoria humana para oferecer ao usuário o que ele pode querer ouvir daqui a um minuto”, acredita Gustavo Diament.

O serviço também põe suas fichas na aproximação entre artistas e fãs — pela plataforma, é possível saber o que cantores como Gilberto Gil e Lorde estão ouvindo e escutar listas feitas pelos músicos — e no lado social, com força na integração com o Facebook e no compartilhamento de playlists com os amigos. “O Spotify foi social desde o início, com ferramentas que te deixam dividir a música com quem você quiser”, disse Ek à revista Forbes. Segundo Maurício Bussab, diretor da distribuidora independente Tratore, além do lado “humano”, o Spotify tem a vantagem de ser um serviço mais específico. “O YouTube tem variedade, com versões raras, mas é desorganizado. O Spotify vai direto ao ponto”.

Bussab, entretanto, não vê diferenças entre o Spotify e serviços concorrentes, como o francês Deezer, o também sueco Rdio (fundado pelos criadores do ilegal Kazaa) e o Napster, que depois dos processos, se tornou legal. “Tecnicamente, são todos semelhantes. A diferença é a maneira de se comunicar com o usuário, que, aqui no Brasil, é alguém que hoje faz a troca ilegal de arquivos”, diz o diretor da Tratore.

Baixa renda
O Spotify e seus concorrentes já foram muito criticados por artistas como Thom Yorke, do Radiohead, pelo baixo pagamento oferecido pela execução de cada música – cerca de R$ 0,015, segundo dados divulgados pela empresa no final de 2013.

Para Gustavo Diament, o baixo pagamento é um problema de escala, que será resolvido com o crescimento da plataforma. “É preciso fazer crescer a torta”, diz ele, que afirma que a empresa reverte 70% de sua receita para pagar aos donos dos direitos sobre as músicas (muitas vezes, fatiados entre gravadoras, editoras musicais e os artistas). O representante das gravadoras também defende o modelo proposto. “É algo muito novo, pulverizado em bilhões de micro-transações”, diz o presidente da ABPD.

Outra crítica frequente ao serviço é a de que ele não oferece oportunidades iguais a artistas novos e consagrados, ao contrário do que propagandeia. Questionado sobre o assunto, Marcelo Jeneci, que participou do lançamento, diz apreciar a horizontalidade da plataforma. “A minha música vale o mesmo que a da Beyoncé”, embora o músico afirme que o pagamento oferecido pela música digital, seja no YouTube, iTunes ou via streaming, “ainda nem faz cócega no bolso”.

Para o produtor Pena Schmidt, veterano da indústria brasileira, a igualdade proposta pelo serviço é uma falácia. “A maioria dos artistas é colocada num oceano horizontal de irrelevância, onde todos são iguais. No fim, as sugestões que o site faz acabam sendo cheias de estrelas comerciais na primeira página”.

Entretanto, a oportunidade de aparecer para mais gente é vista com bons olhos, seja qual for a plataforma. “A música independente é uma música incerta. No iTunes, poucos usuários vão gastar alguns centavos para ouvir algo novo, enquanto o streaming propõe uma experimentação maior, e faz com que os artistas novos sejam ouvidos”, avalia Maurício Bussab, da Tratore. “É bom ter mais gente no tabuleiro”, avalia Jeneci.

Tecnologia
Outro tema bastante discutido acerca do Spotify é que, apesar de lucrar com a música, a empresa não nega sua origem no setor da tecnologia. “Somos a junção de duas paixões, mas somos uma empresa de tecnologia. 70% dos nossos funcionários são programadores”, explica Diament. A tomada da música digital por companhias da área tecnológica, entretanto, não é uma novidade: desde o iTunes até o streaming, passando pelo YouTube, todas as grandes iniciativas desse mercado têm partido de tecnologia, e não da indústria fonográfica. (veja box acima)
Para Bussab, essa determinação é um fator positivo. “As gravadoras tentaram emplacar serviços, mas tinham rabo preso. As empresas de tecnologia estão distantes do negócio da música, mas são capazes de fazer um serviço útil para o usuário”, diz ele. O presidente da ABPD também vê esse movimento como algo benéfico: “os produtores de música precisaram de parceiros dentro do contexto digital, e essa solução me parece mais que natural”.

Entretanto, há quem acredite que a parceria não mostra nada de novo, mas sim repete velhos modelos da indústria fonográfica. Thom Yorke já disse que o Spotify é “a última flatulência de um cadáver desesperado”, fazendo menção às gravadoras. O produtor Pena Schmidt segue a mesma linha: “a velha indústria agora manda e lucra porque se mudou para o reino virtual da venda de licenças, cada vez mais imprescindíveis para qualquer que seja a tecnologia que transporte a música”.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

eCommerce: A tentativa de reinvenção dos Correios

São Paulo, 26 - A mudança da logomarca dos Correios, revelada no início deste mês, é mais do que uma ação de marketing isolada: sinaliza uma estratégia de revitalização que começou a ser desenhada três anos atrás, depois que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos se viu abalada por escândalos políticos, como o do Mensalão, e sofreu com o avanço de concorrentes privados, que aproveitaram para ganhar mercado no vácuo das ineficiências do gigante público.

Para viabilizar o projeto de reinvenção, que inclui a diversificação de suas receitas, o volume de investimentos da instituição cresceu: de R$ 404 milhões, em 2012, deve ficar em R$ 600 milhões neste ano - dinheiro que, segundo o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, vem de aplicações financeiras da empresa, e não do caixa do governo federal, seu controlador.

Esses recursos, porém, terão de dar conta de uma longa lista de projetos, inclusive alguns não relacionados com sua atividade principal, como a ampliação do Banco Postal e a criação de uma operadora de telefonia celular própria. No setor de entregas, a companhia pretende construir 14 centros de triagem de pacotes e reformar outros seis nos próximos anos, além de melhorar seu sistema de acompanhamento de cargas. Tudo isso com a meta de atender melhor às empresas de e-commerce.

A aposta nesse nicho tem razão de ser: as vendas pela internet cresceram 28% em 2013, movimentando R$ 28,8 bilhões. O serviço de postagem, monopólio dos Correios, avança num ritmo muito menor, de 7%.

Domínio

O presidente dos Correios estima que a participação da instituição no e-commerce - responsável por 90 milhões de entregas em 2013 - esteja próxima a 40%. Esse domínio é justificado pela presença nacional da empresa, que tem obrigação de atender a todo o País. Por isso, as companhias que vendem para regiões distantes dos grandes centros dependem, em alguma medida, da estatal.

O setor privado é mais agressivo em cidades como Rio e São Paulo. Isso acontece porque o custo dos Correios para CEPs próximos é relativamente caro. Para distâncias curtas, empresas maiores preferem contratar parceiros especializados e regionais.

É a escolha que faz o empresário Vanoil Pereira, fundador do e-commerce de moda Passarela.com, que vendeu R$ 500 milhões em 2013. Ele envia a maior parte de suas cargas pelos Correios, mas usa serviços privados para uma opção de entrega em 12 horas, disponível para mercados como a capital paulista.

Além da vantagem regional, as empresas privadas se aproveitaram até agora de uma outra brecha deixada pela estatal: a demora em adotar inovações tecnológicas em sua cadeia. A confirmação de entregas em tempo real, por exemplo, já é adotada há quase quatro anos por empresas como a Direct Log, por exemplo. Só no fim deste ano, os Correios terão esse serviço 100% implementado. "Há uma demanda por bons serviços de rastreamento, e os Correios demoraram para reagir", diz Pedro Guasti, diretor da E-bit, empresa que reúne informações sobre e-commerce.

A promessa de um serviço mais ágil tem feito alguns grandes varejistas apostarem em uma parceria com a empresa pública. É o caso de companhias como o Mercado Livre e o eBay.

"A decisão sobre o frete é feita por nossos compradores e vendedores, e os Correios oferecem um preço bem competitivo", diz Luis Arjona, responsável pela operação do eBay no País, que tem 90% dos pacotes entregues pelos Correios.

Ainda que a tecnologia chegue ao nível da concorrência, Pedro Guasti diz que um fantasma continuará rondando a empresa pública (e seus clientes): as greves. "Quando a entrega é paralisada, o que acontece pelo menos uma vez no ano, as empresas recebem uma enxurrada de reclamações." Colaborou Naiana Oscar. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Bancos e Startups investem em Pagamentos Móveis

Valor Econômico - 12/05/2014
Bancos e Startups investem em Pagamentos Móveis

Os canais digitais podem se firmar como as principais vias de atendimento bancário já em 2014, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), se mantido o atual ritmo de expansão. Resultados de uma pesquisa da entidade divulgada no fim de abril ilustram esse quadro: a internet e o "mobile banking" responderam por quase metade das transações realizadas no ano passado, com 47% das operações entre 18 instituições, responsáveis por 97% das agências do país.

Para Fabiano Lobo, diretor da Mobile Marketing Association (MMA) América Latina, trata-se de uma tendência irreversível: "o pessoal bancarizado com menos de 25 anos já vê como algo natural usar aplicativos e nem mesmo pisar na agência". No segmento financeiro, as soluções móveis têm evoluído para além do mobile banking, com inovações focadas principalmente nos meios de pagamentos eletrônicos.

Com lançamento previsto para agosto ou setembro deste ano, o sistema de pagamentos móvel Intelimotus se propõe a substituir os cartões físicos por meio de um aplicativo. Conforme o consultor da "startup" e diretor da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), Gerson Rolim, a solução vai funcionar em qualquer celular mesmo que não seja um smartphone. "Teremos aplicativos para Android e iPhone, mas também uma versão em java que poderá ser usada em aparelhos comuns", afirma.

Segundo Rolim, o aplicativo usará a tecnologia bluetooth, presente em quase todos os aparelhos móveis, para se comunicar com os terminais nos pontos de venda. "As maquininhas POS já recebem sinal bluetooth e vão perceber o celular como se fosse um cartão comum. Não é preciso fazer nenhuma adaptação nas lojas. Bastará baixar o software no celular gratuitamente e cadastrar os cartões", diz.

Rolim ressalta ainda que o usuário poderá juntar em um mesmo aplicativo seus meios de pagamento, tanto de débito e crédito quanto pré-pagos, e, posteriormente, até benefícios como tíquetes eletrônicos de alimentação e supermercado. De acordo com o consultor, o objetivo da Intelimotus é atingir 1 milhão de usuários até 2016.

A área de pagamentos eletrônicos uniu recentemente dois gigantes financeiros. Banco do Brasil e Bradesco lançaram em 16 de abril a Stelo, uma nova empresa que vai reunir os segmentos de facilitadoras de pagamentos para comércio eletrônico e de carteiras digitais.

Do lado do usuário, o novo serviço, previsto para ser lançado no segundo semestre, mas que já funciona em fase de testes com 200 mil clientes, vai oferecer uma solução chamada carteira digital. Trata-se de uma ferramenta que permite reunir os cartões de crédito, débito e pré-pagos e fazer o desembolso por compras e serviços pela internet ou por meio de aplicativos para smartphones e tablets. Para isso, basta escolher a forma de pagamento e usar o login e a senha do sistema. "Estimamos em 2018 movimentar algo em torno de R$ 10 bilhões por meio da carteira Stelo e atingir 10 milhões de clientes ativos", afirma o diretor de cartões do BB, Raul Moreira.

Dentro de sua estratégia de expansão dos serviços mobile, o Bradesco passou a isentar, desde março, seus clientes de pagar pelo uso de dados para acessar os aplicativos do banco para celulares. De acordo com o diretor de canais digitais do banco, Luca Cavalcanti, "tanto no pré-pago quanto no pós-pago quando o cliente acessa [um serviço do banco] quem paga é o Bradesco".

Conforme o executivo, os chamados canais alternativos, que incluem internet, aplicativos móveis, centrais telefônicas e caixas eletrônicos, já se tornaram os principais meios de atendimento do Bradesco. "Em maio o pico de transações de clientes por esses canais atingiu 5,4 milhões em um dia", afirma.

Sérgio Tauhata